Walter Bejamin, Filósofo do começo do século passado, escreveu certa vez sobre um fato curioso: Os soldados da primeira guerra, depois de viverem a parte mais intensa da sua vida, ao invés de voltar contando diversas histórias e contando vantagem sobre suas peripécias, faziam o contrário, voltavam calados.
O que viram na guerra era algo tão novo, tão fora da realidade, que faltavam palavras em seu léxico para descrever o que vivenciaram. Eles não conseguiam contar histórias para si mesmos, de traduzir o que viam em palavras, e como tal, não conseguiam lembrar.
Semelhante fato ocorreu quando os primeiros navio chegaram a América do Norte, e os índios não conseguiram vê-las. Viam o mar se mexer, vias as ondam quebrarem de forma estranha, mas aqueles monstros de madeira não faziam parte de seu mundo.
Do mesmo modo, quando vi a foto dela pela primeira vez, não falei, não contei o que estava vendo para mim mesmo, eu apenas senti. Senti um sensação de que nunca havia visto uma mulher tão bonita em toda a minha vida.
Senti que todos os meus anos de aula de português, de ler o dicionário para aprender novas palavras, da minha formação em duas línguas estrangeiras, nada daquilo havia me ensinado a palavra de que eu precisava me valer naquele momento para descrever o que estava sentindo.
Eu simplesmente senti e sorri, como se todas as mazelas do mundo fossem curadas diante de meus olhos incrédulos. Eu senti, e como não tinha palavras pra escrever, esqueci como ela era. Ou talvez eu tenha esquecido como ela era para que toda vez que a visse eu pudesse sentir tudo o que eu senti daquela primeira vez.
Frase do Dia:
" A beleza que seduz poucas vezes coincide com a beleza que faz apaixonar."
José Ortega y Gasset
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