sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Lesko e Eu

Não é segredo pra ninguém que fazer direito e medicina ao mesmo tempo em duas faculdades públicas tem sido minha atividade nos últimos quatro anos e meio. Também não é segredo pra ninguém que fazer isso cansa, e muito.

Mas mesmo cansado de um dia estressante de trabalho, eu ainda guardo o pouco de energia que me resta pra tentar fazer um pouco de companhia para uma pessoa que eu tenho aprendido a gostar cada dia mais.

Seu nome é lesko, meu cachorro. Acho que quem me conhece sabe que eu sempre me identifiquei mais com a Arucha, que era mais quieta, mais calada e se parecia infinitamente mais comigo. O Lesko eu sempre achei meio pentelho, gostava de carinho, vinha sempre correndo pra cima da gente querendo brincar.

Mas confesso que após o término do que achei ser o relacionamento da minha vida, passei a enxergar o Lesko com olhos totalmente diferentes, e passei a enxergá-lo como um espelho canino de mim mesmo.

Todo dia Lesko chora de solidão. Pode não parecer importante pra vocês, mas cada grito de tristeza que ele solta, parte meu coração em grande velocidade. Pois eu sei como é se sentir assim, solitário. Sei como é chorar e ninguém escutar, sei como é não ter alguém ao seu lado para dividir as alegrias e tristezas.

Por isso eu tento, mesmo que de maneira débil (afinal como pode o doente salvar o moribundo?)  tornar o dia a dia de Lesko menos torturante, mesmo cansado, sempre brinco com ele, corro com ele pela garagem, faço carinho, dou um abraço.

Mas não é o suficiente, quando eu entro em casa e Lesko se encontra sozinho de novo, ele chora, grita, se desespera. E eu falo para ele, enquanto tento juntar os caquinhos do que sobrou do meu coração: Tenha calma Lesko, dizem que as coisas sempre melhoram.

Frase do Dia:

"Deixa em paz meu coração, que ele é um pote até aqui de mágoa!"

Chico Buarque

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