Estavamos nos quatro, eu, você,a Vanessa e o namorado (agora marido) chato dela. Todos nós estavamos em uma praia, uma praia típica do nordeste, mas que eu não consegui identificar, mas que de fato não importa.
Parecia uma visita de nossa família a dela, o marido dela estava com uma cara de abuso, cara de quem não gosta de praia, cara de quem estava preocupado com seu único filho. Passava protetor solar com dedicação, como se aquele fosse o único ato que poderia fazer para proteger seu filho. Não gostava do mar, ou pelo menos não parecia gostar. Estava de bermuda e camiseta, com seus velhos óculos escuro e carregava a bolsa com os pertences de sua família.
O filho dele parecia ter herdado a sisudez do pai, mas só parecia. Na verdade ele era meio tímido, talvez por estar naquela fase da infância em que desconfiamos de tudo e de todos, mas sua semelhança com a mãe não se resumia a sua aparência física. Tinha os olhos, a boca e o nariz da mãe, talvez por isso o olhar desconfiado, o sotaque, mas tinha também as orelhas do pai e talvez por isso a atenção quase sobrenatural aos detalhes que o cercavam.
A mãe dele, apesar de ter tido um filho recentemente, estava magrela como sempre, e estava dedicada a cuidar de nossa filha, homônima, que não parava um segundo quieta. A maternidade fez bem a ela, estava mais serena, mais segura, e o único ser que ela amava tanto quanto ele, era o seu filhinho. Olhava com os olhos brilhando para ele. Estava vivendo o sonho de vestido de praia e chápeu e em seu rosto ainda se via o protetor solar recém passado.
Nossa filhinha tinha seus quatro anos, e era muito bagunceira. Não parava quieta, conversava com as pessoas da barraca ao lado, pegava sua bola de praia e ficava jogando pra um lado e pro outro, sempre passando perigosamente perto dos cavalos que transitavam por ali. Ignorava seus gritos e avisos que ela ia ficar que nem um pimentão se não passasse protetor solar. Ela amava o mar e só cedeu quando a peguei em meu colo e vim fazendo cosquinha até entrega-la em seu colo, pegando então nosso filho.
Nosso filho devia ter uns dois anos, ainda gostava de ficar no colo. Parecia comigo quando era pequeno, calado, arriscava poucas palavras, e observava atentamente tudo em sua volta, como se tentasse absorver todo o conhecimento possível sobre o local. Pedia insistentemente para que você viesse a praia conosco, enquanto nossa filha se degladiava para tentar escapar do ninho de amor em que você a havia prendido.
Você estava linda como sempre, e a maternidade tabém tinha te feito bem. Nunca te vi tão sorridente quanto naquele curto tempo que durou meu sonho. O amor por seus filhos era tão aparente quanto a semelhança sua com nossa primogênita. E estava ainda mais amorosa pois estava grávida de nossa terceira prole, como sua barriga já denunciava. Estava linda com sua canga, seu maiô e o sorriso que estampava para todos observarem.
Terminados os preparativos, chamamos nossos filhos para ir tomar um banho de mar. O marido abusado dela prontamente se ofereceu para ficar na barraca cuidando dos nossos pertences. Brinquei com ela: "Deixa esse chato e vem casar comigo." Ela riu, deu um beijo apaixonado nele, e apostou corrida com nossa filha e o filho deles para o mar.
Eu sai logo após, não antes de te dar um beijo apaixonado e, é claro, uma bela de uma apertada no seu bumbum. Você deu um tapa no meu braço e me chamou de safado, deixando nosso filhos pra lá de confuso sem entender nada. Carreguei ele em meu colo enquanto ele me perguntava por que você não vinha com a gente. Disse: "ela já vem, Enzo."
Chegamos ao mar, e nossos filhos e o filho deles foram se divertir, sempre sobre o olhar atento meu e dela, enquanto conversavamos sobre o quanto éramos felizes por termos formado nossas famílias com quem amamos e de como nossos filhos mais velhos eram parecidos com você e ele.
Você então finalmente resolveu vir pra praia, ato que imediantamente levou Enzo a correr em sua direção e quando chegou perto de você, você o ergueu em seus braços e deu um beijo cujo estralo reverberou pela praia inteira.
Então eu sorri. E acordei.
Frase do Dia
"Um sonho sonhado sozinho é um sonho. Um sonho sonhado junto é realidade."
Raul Seixas
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