segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Original VS Sequência Parte 1

Bem, depois de anos sem postar devido a rotina bizarra que só a greve da UnB te proporciona (estou sem férias desde fevereiro, e tive três semanas de provas seguidas devido aos calendários não baterem por causa da geve.)

Então eu vim falar sobre um tema que sempre rende no PDS(bar da galere da UnB): O que que é melhor, o original ou a sequência? Eu poderia escrever sobre filmes, mas ficaria meio comum, além de meu conhecimento de filmes ser pra lá de limitado, não chegando nem perto do conhecimento da mestra. Então eu vou fazer sobre minha área de domínio: videogames.

Vou procurar comparar jogos de uma mesma séria para exemplificar três fatos que mudam muito um jogo: mudança de produtora, mudança de paradigma e mudança de gênero. O último não trata de um herói que era meninha e virou menininho ou vice e versa, mas de mudança de gênero de jogo como de Adventure para FPS (tiro em primeira pessoa) e sim, isso é uma dica de que jogo irei falar. O segundo tratará das grandes mudanças que ocorreram no mundo do videogame e de como isso afetou os grandes clássicos, sendo que irei tratar especificamente da mundança da era 2D para 3D.

E o primeiro de que irei falar hoje é o da mudança de produtora, que equivaleria ao autor sendo retirado do papel no meio de uma trilogia. E acredito que para esse ponto não existe jogo melhor para servir de exemplo do que um de uma certa arqueologista da terra da rainha, cuja história pode ser dividida em duas grandes eras: Era Core Design e Era Crystal Dynamics. Pra quem não sabe do que eu estou falando: vou colocar uma foto da provavél protagonista mais conhecida dos videogames.

Ainda não sabe quem é? Que tal essa

Se você ainda não reconheceu, te perguntarei se a caverna onde você estava era quentinha. Essa é Lara Croft, protagonista de Tomb Raider, que, nas palavras do criador da série, é um jogo sobre pirâmides e que com uma proposta tão simples definiu o mundo dos jogos 3D, juntamente com Mario 64, The Legend of Zelda: Ocarina of Time e mais tardiamente Grand Theft Auto 3 ou simplesmente GTA 3.

Mas para entender a comparação entre as duas eras, é importante antes ter uam noção histórica. Em 1996 era lançado o primeiro game com uma protagonista mulher que realmente parecia mulher, sendo que a outra era Samus Aran, protagonista de Metroid, que passava o jogo inteiro de armadura. Tomb Raider (Starring Lara Croft) foi então um sucesso instantâneo, contrariando as espectativas mais otimistas da própria Eidos (Editora). Ora, como um game com uma protagonista mulher, britânica, em terceira pessoa, com inimigos razoavelmente realistas e com vilões americanos ( e franceses, até parecia que uma equipe do Reino Unido ia perder essa oportunidade) poderia fazer sucesso em um mercado dominado pelos jogos com protagonistas homens, americanos, que carregavam armas futuristas matando alienígenas um mais feio que o outro enquanto faziam piadas sexistas e escatológicas para descontair ( Duke Nukem eterno demais)?

Bem a resposta foi ser diferente. Logo depois foi lançado Tomb Raider 2 (Dagger of Xian), o mais bem sucedido até hoje, e para muitos o melhor game da série na era Core, corrigia tudo o que a tecnologia e o tempo de produção não permitiram ser feito já no primeiro game. Tomb Raider 3 (The Adventures of Lara Croft) seria lançado pouco depois e pode ser entendido como um Tomb Raider 2, só que maior e com inimigos mais difíceis. De fato, na minha opinião, Os chefões mais difíceis da era Core estão nesse jogo, incluindo dois antológicos : O chefão final, que não vou dizer quem ou o que é para não dar spoiler e Sophia Leigh no final do estágio de Londres, que creio eu ser o primeiro chefe a não ser derrotado de maneira direta (o mais perto disso anteriormente foi o chefe final do 2, mas que já jogou vai entender a diferença.)

Finalmente temos Tomb Raider 4 (The Last Revelation), que na minha opinião é o Tomb Raider definitivo da Era Core, o ápice. Aqui estão reunidos os melhores elementos de todos os demais jogos da série em um jogo gigantesco (35 fases padrão Tomb Raider, que duram uns 30 minutos cada se você já for um veterano que totalizam 1050 minutos ou mais de 17 horas de jogo). Mas é exatamente nesse jogo que começa a morte de Lara Croft (literalmente) na era Core. Com Lara supostamente morta, é lançado Tomb Raider 5 (Chronicles) que conta algumas histórias anteriores da protagonista, na forma de narrações de amigos que foram ao seu enterro. Acredito que nesse game Tomb Raider regrediu um pouco, pois as fases pareciam incompletas, além de não ter a grandiosidade do anterior.

E então vieram as trevas para a Core, no jogo com o nome bastante apropriado de Angel of Darkness. Quem jogou percebeu que existiria uma grande evolução na série, inclusive parecendo cada vez mais com os jogos da era Crystal no decorrer das fases, mas infelizmente, devido a pressão constante em uma equipe pequena para o lançamento do jogo, ele acabou saindo bastante bugado e com fases iniciais que não se encaixavam nem com o restante do jogo nem com a série. Como já disse, o jogo de certa forma melhora bastante no decorrer das fases, mas a má primeira impressão foi demais pra Core. Tomb Raider então passa a ser desenvolvido pela Crystal Dynamics e muda totalmente, sofrendo uma Prince of Persianização tanto dos cenários como da personagem.

O primeiro jogo dessa nova era foi Legend, que deu um Reboot na série como Batman Begins deu em Batman, Lara agora é outra pessoa, com outro visual, com outras motivações, com outro inventário, sem poder carregar onze armas e munição ilimitada na sua mochila. Agora ela vai a procura de sua mãe perdida em uma história, que não sei se foi uma homenagem, mas é incrívelmente parecida com a do original, inclusive em suas reviravoltas. O sucessor desse jogo é o Tomb Raider Underworld, mas eu ainda não zerei esse devido a falta de tempo, mas que pelo demo que joguei não muda muita coisa da mecânica de jogo, apenas um poucos novos movimentos e uma nova mudança no visual de Lara, que deixou de ser a gostosona de Legend e Aniversary e virou uma mulher mais, hummm, atlética por assim dizer.

Mas o game importante para a nosa comparação é Anniversary, o remake de Tomb Raider. Como são jogos "iguais", fica mais fácil comparar e tentar entender por que uma parte dos Raiders prefere o original e a outra a sequência. Todo Tomb Raider tem, segundo minha análise, cinco elementos essenciais: Lara Croft, inimigos, cenário, conjunto, história.

Quesito Lara Croft

Esse quesito avalia como a Lara se comporta no jogo. No jogo da era Core, a Lara era mais dependente do jogador, ela não fazia nada se não fosse comandada. Se o jogador errase, lara morria e fim de papo. Claro que esse comportamento excluia a possibilidade de movimentos mais complexos e mais "finos", pois colocariam uma dificuldade elevada demais em um personagem relativamnte duro.

Já nos jogos da Era Crystal, esse comportamento foi corrigido, e Lara tem um estilo mais Prince of Persia, com movimentos acrobáticos e ajuda ao jogador. Por exemplo, se um determinado pulo exige que Lara se pendure, ela fará isso automaticamente, ao contrário do original em que o jogador deveria prever a dificuldade e segurar. Por outro lado se o local precisar de um salto curto, Lara automaticamente diminuirá a distância do salto, enquanto no original ela daria de cara na parede e cairia em um abismo sem fim.

UM FATO IMPORTANTE: uma grande mudança que se nota é que os Tomb Raider originais tinham um controle mais simpático para os usuário da combinação teclado e mouse, enquanto os da era Crystal são bastante complicados para os usuários dessa mesma combinação, talvez por a plataforma principal serem os consoles agora. Eu por exemplo tive que comprar um controle de Xbox 360 para o PC para poder ter uma experiência satisfatória, algo que deve ser levado em conta.

Nesse quesito pra mim a vitória é do Anniversary, pois fica claro que o original só não era assim devido as limitações da época.

Quesito inimigos

Nos jogos da era Core Lara se comportava mais no estilo rambo com os inimigos. Não raro você encontrava três ou quatro inimigos que já haviam sido chefões de fases anteriores em uma sala pequena. Em compensação os inimigos eram mais fáceis.

Já na era Crystal, os inimigos se tornaram mais inteligentes (mas nem tanto, subir escadas ainda é uma tarefa impossível para alguns) e mais difíceis de lidar, em compensação seu número diminui MUITO, sendo que em algumas fases onde se enfrentava 40 inimigos nos jogo da era Core, no remake se enfrentam 7, ou em salas onde você enfrentava centauros, no remake você enfrenta panteras. Apesar disso, acho que essa evolução no sistema de combates foi muito bem vinda.

Nesse quesito acredito que o resultado é empate, uma mistura entre os dois seria perfeita.

Quesito Cenários

O Tomb Raider original é conhecido como um dos jogos com melhor level design de todos os tempos, tudo se encaixa, os puzzles são ciativos, casam com a história, casam com o lugar onde estão colocados, casam com Lara Croft e suas habilidades. É um mundo grande e livre para ser explorado pelos Raiders.

Já o Anniversary é um jogo em que os cenários dão dica de onde você deve ir, e apesar desse ser o melhor jogo nesse quesito da Era Crystal, acredito que não consiga se igualar aos jogos da Era Core.

Vitória absoluta do Tomb Raider original.

Quesito Conjunto

Esse quesito é o quesito de como os três elementos anteriores se juntam para formar uma boa obra. O Tomb Raider original tinha um bom conjunto, como eu disse, tudo casava e tudo dava certo, sendo uma marco para a época.

Mas a competição com o Anniversary é desleal. Com os avanços dos jogos daquela época para os dias de hoje, o remake parece muito mais bem encaixado, não dá pra explicar, mas você sente isso no jogo. Você percebe que aquele elemento está ali por um motivo e não apenas por simples enfeite.

Nesse Quesito a vitória é do Anniversary.

Quesito História

O quesito história não é só relacionado a história do jogo, mas também a História do local onde lara está visitando, se o enrendo do jogo casa com as informações da lenda de que o jogo trata, a veracidade que o jogo passa em geral. E o Tomb Raider original foi um marco nesse sentido, tendo uma história simples, mas muito bem construída e sobre a qual o Anniversary foi construído.

Por isso nesse quesito a vitória vai para o Original

Resultado final
Original 2,5 X 2,5 Anniversary
No final, o que vai definir qual o melhor pra você é com qual jogo você se diverte mais, e pode ter certeza, os dois são bastante competentes em divertir os jogadores.

Frase do Dia:

"Quero fazer um jogo sobre pirâmides"

Toby Gard, criador da série

3 comentários:

Dayane Costa disse...

Que post lindo :~

Olha, concordo com quase tudo que foi falado visto que você também é um Raider e tanto (haha). Apesar de concordar que o Anniversary é um bom jogo (pra mim, que já joguei os 3 da Crystal, o melhor atualmente), não consigo ver nele a magia dos da Core.

Tudo é simplificado demais, óbvio demais, você não se perde, não se lasca, não precisa imaginar tanto.. E acho que a graça de TR estava justamente nisso. Imaginar como Lara se sairia naquele cenário quadrado e com fundo preto.

Btw, o Underworld é absolutamente horroroso, decepcionante, jogabilidade podre, um declínio em relação ao Anniversary e se for jogar, NÃO JOGUE a versão PS 2, jogue no PC ou no Xbox :)

John, O Lobo disse...

Bom, eu conheço muito pouco de Tomb raider, joguei só o legend e muito brevemente alguns dos antigões. Tampouco gosto de dar opinião comparando jogos antigos e jogos novos.
To aqui mais pra marcar presença mesmo. E pra anotar que quando vc falou em mudança de gêneros achei que ia falar de algum jogo do ranma 1/2.

Rábula disse...

Não sabia que você falava árabe.