quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Manifesto contra a banalização do celular

Ano de 1984

Imagine um novo aparelho revolucionário, um chip que seria implantado no braço de cada pessoa e com ele você poderia armazenar qualquer informação captada por seus olhos, comunicar instantaneamente com seus amigos, receber mensagens telepáticas e mais uma porrada de funções.

Maravilhados pelas promessas todos passam a comprar esses chips, que com o tempo passam a sair até de graça. Mas nem tudo são flores, para que eles funcionem, você deve comprar um determinado doce, que quando ingerido carrega o chip para que possa ser utilizado.

Com o tempo alguns poucos não possuem o chip, e são recriminados por aqueles que possuem com acusações discutíveis. Mas as pessoas com o chip estão surdas de tanto conversar e não conseguem ouvir o contraponto de seus argumentos, que demonstra o quanto o chip é dispensável e o quanto ele tornou pior as relações humanas. Podem capturar imagens mas estão cegas para enxergar seu comportamento quase nazista, mas afinal, quem precisa ouvir as minorias.

Dizem que um dia você pode bater o carro e precisar se comunicar com alguém. Ainda bem que não tenho o chip, que eleva em até quatro vezes o risco de acidente automobilístico. Aliás esse é o exemplo mais claro de como o uso indiscriminado do chip leva a mediocridade humana. E é exatamente isso que o diferencia da internet.

O chip, que eu acho uma ideia genial no princípio e uma aberração atualmente, restringe a liberdade pessoal, é mais um instrumento de estratificação, atrapalha os demais, causa risco social em seu uso desnecessário, é fruto do consumismo desenfreado, atrapalha as relações sociais.

Pra que chip se ele vive desligado, se você não pode usá-lo por falta de doce, se mesmo com os dois você não usa de qualquer maneira. Eu digo porque: apesar de ser inútil para 99% das pessoas que tem, elas gostam de ter a segurança de uma solução imediata, sem ter que pensar muito, algo que as salvem de sua própria incompetência de não se precaverem no caso de uma emergência, de não pesquisarem o caminho de modo a não passarem por lugares muito isolados no caminho.

Entendam, não estou dizendo que o chip é totalmente desnecessário. Se você tem, seja feliz e faça bom proveito. Mas não venha com acusações absurdas e argumentos cretinos para me importunar. Ligue pra alguém e vá conversar com ele sobre isso. Quem saiba um dia você não possa ligar pra mim, quem sabe quando eu for médico. No momento, o chip é totalmente irrelevante pra mim. O que é mais engraçado é que eu devo ser quem, de todos os que vão comentar, tem o contato com ele há mais tempo, lá no início da década de 90...

Mas só peço que reflitam sobre o seguinte:

Quantas vezes você precisou do chip de um modo que o problema não pudesse ser resolvido de outra forma?

Frase:
"A tecnologia existe para servir o homem, e não o contrário"
Não lembro

8 comentários:

Comentador Fiel disse...

Já ia me esquecendo, se um dia você atender o celular enquanto conversa comigo pode ter certeza que vou embora sem nem dizer tchau.

Anônimo disse...

"Não se vá, a ligação era importante, minha mãe estava no hospital e acaba de morrer. Necessito de um ombro amigo."
Quero veer se você irá embora depois de uma frase dessa e quem estiver dizendo for uma loira-sueca-ninfomaniaca-bissexual que estará de shortinho e top e chorando alucicrazy.

Tenho celular desde criança e desde criança sempre o quis com o máximo de tecnologias possíveis, sou o do contra da sua história. ._.

Não se reprima e compre um Iphone.

Comentador Fiel disse...

Se eu fosse comprar um, seria com menos funções possível.

Poeta Idealista disse...

resposta para a sua pergunta:
várias vezes

quando viajei e fiquei 2 meses sem meu chip, perdi várias oportunidades e meu único arrependimento foi não ter comprado um chip internacional...

eu continuo achando esquisito você não precisar de um
por ex;
se você marca com uma pessoa no shopping em tal hora e em tal lugar, mas ela se atrasa por um motivo qualquer, como ela faz pra te avisar? ou melhor, você vai esperar a vida inteira por ela? e se ela seguir sua filosofia e não tiver um chip, como você vai fazer?

mas cada um é cada um
pelo menos você não gostar do chip é um charme peculiar.

Anônimo disse...

؛spɹɐƃǝɹ ʇsǝq

˙ǝʇısqǝʍ ɹno oʇ oƃ uɐɔ noʎ 'sʇuoɟ ǝnbıun puıɟ oʇ pǝǝu noʎ ɟı
'ʎɐʍ ǝɥʇ ʎq

0‾0 ǝɔıu sʞooן ƃoןq ɹnoʎ
˙ƃuıʇǝǝɹƃ ɯɹɐʍ ¡puǝıɹɟ ʎɯ oןןǝɥ

Daniel Seixas disse...

Eu realmente acho meu chip importante. Eu o uso mais para casos como o citado acima de encontrar alguém num shopping ou na faculdade pra almoçar junto ou resolver algum problema.

Isso sem contar uma experiência recente que tive no domingo passado. Como a maioria dos domingos, estaria o dia todo fora e não teria acesso a internet durante o dia. Tentaram ligar no fixo de casa e não me acharam, em seguida ligaram pro meu celular. Eu atendo e é uma amiga me dizendo que a mãe de um grande amigo nosso havia falecido na madrugada. Faltavam umas 2 horas para o velório. Se eu não tivesse meu chip, eu não teria sido aviso e não poderia ter dado algum apoio a meu amigo em um momento tão difícil.

Mas concordo que esses momentos úteis não são a maioria.
E concordo 100% que isso é um charme peculiar seu. =)

John, O Lobo disse...

Só respondendo a pergunta: A garota que eu mais gostava no mundo passou muito mal na rua e precisou de alguém pra ajudar, ficou sozinha, num lugar isolado se sentindo mal. Ela me ligou e eu fui ajudá-la.

Um monte de outras pessoas poderia ter ajudado ela. Mas ela era importante pra mim e eu queria ajudá-la. Fiquei feliz por ter atendido. É muito bom saber que se alguém importante precisar de vc (e às vezes as pessoas precisam só falar mesmo, ali na hora) vai te achar.

Vevs disse...

EU AMO ESSE POST! AMO AMO AMO!!!
Mostra isso pra alguém e publica, pelamordedeus *-*
Essa coisa do chip e tal, sem deixar explícito, mas qe todo mundo sabe o que é (e se identifica) é fantástico.

Obs.: eu sobrevivi sem um até esse ano DD: