
fonte: http://www.acemprol.com/download/file.php?id=8721&t=1A e B são diferentes certo?
Errado

fonte: http://paulocsm.files.wordpress.com/2008/06/18-xadrez-2.jpgIsso ocorre porque nossa visão trabalha de forma comparativa, sempre comparando o centro e a periferia, de modo que não se representa a verdade física e sim a verdade que mais nos interessa. Ou seja, não exergamos o mundo, mas sim nossa representação de mundo.
Mas não é só a visão que funciona assim. Também nas realações sociais, na ciência, no amor e outros não exergamos a verdade "verdadeira", mas sim a verdade que mais nos interessa. Aliás essa transferência dos sentidos para nossa percepção errada de mundo parece se tornar o novo paradigma da ciência. Poderia gastar um texto para cada um desses campos, mas o objetivo desse post é analisar especialmente a visão social.
Uma pessoa isolada não pode receber adjetivos, ela é ausente de qualidades. Uma mulher pode ser homem ou mulher, branca ou negra, burra ou inteligente, bonita ou feia, magra ou gorda. Uma pessoa isolada pode ser no máximo um padrão ouro para determinada característica, delegada pela nossa visão de mundo, obviamente míope e errônea, facilmente manipulada pelo restante da sociedade.
Desse modo, dizemos que determinado indivíduo é feio, ou burro, ou engraçado, ou perdedor ou vencedor por nossas convicções internas e nosso senso estético, moral e social.
Exatamente aqui boa parte das pessoas perguntaria:
"Mas porque o julgamento de determinada pessoa é melhor ou mais válido do que o meu?"
retórica.
Quando em contato com a senso comum social, passa a desenvolver suas opiniões de maneira comparativa centro-periférica de acordo com convenções sociais pré-estabelecidas, padrões ouro para diversas qualidades. Dessa maneira passa a ser um eco do que o restante da sociedade, o "consciente coletivo", pensa.
Então passamos a dizer que uma determinada pessoa é feia pois comparamos ela ao seu, ao meu, ao nosso padrão ouro de feiúra e percebemos que ela está próxima.
Digo feiúria, porque primeiro estabelecemos a qualidade negativa para depois opor a ela a qualidade positiva, de modo que em um estado natural todos teriam qualidades positivas devido a própria ausência de qualidades.
Seguindo esse raciocínio, um ser humano isolado, sem contato com a opiniao dos demais, seria incapaz de emitir qualquer juízo de valor, pois juízos de valor nessa concepção seriam construções sociais.
Acredito que seja um raciocínio complicado de se entender, mas acho que o Paradoxo de Depp ajuda a elucidar:
Eu só sou parecido com o Johnny Depp para as gurias que acham ele o cara mais feio do mundo. Para as cocotas que acham ele bonitão, eu não sou nem um pouco parecido com ele. Em ambos os casos eu sozinho sou masi prócimo de um padrão ouro de (falta de) beleza, e quando sou comparado com o Johnny Depp o que importa é se ele está ou não no mesmo padrão que o meu.
Óbvio que existem mais qualidades e padrões ouro, mas esse era só um exemplo.
Entretanto, uma pergunta me atormenta:
"Porque nos enganamos com uma falsa realidade?"
A explicação serve tanto para a ilusão de ótica, quanto para a ilusão social.
Primeiro, porque temos dificuldade para perceber essa realidade, e só percebemos quando observamos por outro prisma, outro ponto de vista, nem que para isso necessitemos da ajuda de outros.
O segundo e mais importante motivo é que aceitamos essa falsa realidade porque nos é cômoda. Adoramos ser enganados se quando formos enganados conseguirmos alguma vantagem, mesmo que ela seja absurdamente menor que o prejuízo.
No caso da visão, ela é importante para que achemos que o branco é branco em qualquer horário, lugar ou situação, mesmo que na realidade ele seja cinza. Caso contrário, uma folha de papel branca se tornaria cinza de noite. Essa capacidade ser revela extraordinariamente útil em nossa adaptação ao meio.
Já na realidade social, isso serve como um meio de fazer do povo massa de manobra e dividir a humanidade entre os que criam so padrões ouro e os que os seguem. Algo que devia ser aparente, e que para a maioria da pessoas é. Além disso, os que ditam precisam estar mudando de realidade, para evitar que os que seguem fiquem saturados e mudem eles mesmo seus paradigmas (sem ambigüidade aqui, o "seus" serve para ambos).
Entretanto, mesmo sabendo que o que veem e o que acreditam é a interpretação que mais nos satisfaz, o ser humano ainda insiste em aceitar a "nossa verdade", mesmo que ela só o prejudique.
Cada um, cada um.
Frase do Dia"O povo que subjuga outro, forja suas próprias cadeias. Não é a consciência do homem que lhe determina o ser, mas, ao contrário, o seu ser social que lhe determina a consciência."
Karl Marx