Ano de 1984
Imagine um novo aparelho revolucionário, um chip que seria implantado no braço de cada pessoa e com ele você poderia armazenar qualquer informação captada por seus olhos, comunicar instantaneamente com seus amigos, receber mensagens telepáticas e mais uma porrada de funções.
Maravilhados pelas promessas todos passam a comprar esses chips, que com o tempo passam a sair até de graça. Mas nem tudo são flores, para que eles funcionem, você deve comprar um determinado doce, que quando ingerido carrega o chip para que possa ser utilizado.
Com o tempo alguns poucos não possuem o chip, e são recriminados por aqueles que possuem com acusações discutíveis. Mas as pessoas com o chip estão surdas de tanto conversar e não conseguem ouvir o contraponto de seus argumentos, que demonstra o quanto o chip é dispensável e o quanto ele tornou pior as relações humanas. Podem capturar imagens mas estão cegas para enxergar seu comportamento quase nazista, mas afinal, quem precisa ouvir as minorias.
Dizem que um dia você pode bater o carro e precisar se comunicar com alguém. Ainda bem que não tenho o chip, que eleva em até quatro vezes o risco de acidente automobilístico. Aliás esse é o exemplo mais claro de como o uso indiscriminado do chip leva a mediocridade humana. E é exatamente isso que o diferencia da internet.
O chip, que eu acho uma ideia genial no princípio e uma aberração atualmente, restringe a liberdade pessoal, é mais um instrumento de estratificação, atrapalha os demais, causa risco social em seu uso desnecessário, é fruto do consumismo desenfreado, atrapalha as relações sociais.
Pra que chip se ele vive desligado, se você não pode usá-lo por falta de doce, se mesmo com os dois você não usa de qualquer maneira. Eu digo porque: apesar de ser inútil para 99% das pessoas que tem, elas gostam de ter a segurança de uma solução imediata, sem ter que pensar muito, algo que as salvem de sua própria incompetência de não se precaverem no caso de uma emergência, de não pesquisarem o caminho de modo a não passarem por lugares muito isolados no caminho.
Entendam, não estou dizendo que o chip é totalmente desnecessário. Se você tem, seja feliz e faça bom proveito. Mas não venha com acusações absurdas e argumentos cretinos para me importunar. Ligue pra alguém e vá conversar com ele sobre isso. Quem saiba um dia você não possa ligar pra mim, quem sabe quando eu for médico. No momento, o chip é totalmente irrelevante pra mim. O que é mais engraçado é que eu devo ser quem, de todos os que vão comentar, tem o contato com ele há mais tempo, lá no início da década de 90...
Mas só peço que reflitam sobre o seguinte:
Quantas vezes você precisou do chip de um modo que o problema não pudesse ser resolvido de outra forma?
Frase:
"A tecnologia existe para servir o homem, e não o contrário"
Não lembro
quarta-feira, 11 de agosto de 2010
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