Sei que ninguém mais deve ler isso daqui, e sei que apesar de isso ser um blog, bem, faz muito tempo que eu não escrevo um post no estilo querido diário. Muito porque eu acho minha vida muito chata, demais mesmo, além de me achar um completo fracassado.
Fora isso, tinha uma época que o Blog realmente era autobiográfico, e relendo essa época, eu me pergunto como o cara que escrevia aquilo não se matava de uma vez. A resposta é simples, ele tinha esperança.
Mas tem dias que acontecem coisas com um significado tão intenso em sua vida, que você realmente quer compartilhar, mesmo que seja em um blog que raramente ou nunca é lido. Tentei conversar com algumas pessoas sobres, algumas me ignoraram, e nenhum conseguiu entender o por que da minha melancolia, ou talvez tenham entendido e não quiseram continuar o assunto.
Pra quem não sabe, atualmente estou trabalhando como neonatologista, ou seja, aquele pediatra que dá os primeiros cuidados para o bebê assim que ele nasce, além de dar qualquer suporte que ele precise até os primeiros 28 dias de vida.
Hoje havia alguns acadêmicos do terceiro ano acompanhando o serviço, e o professor os instruiu a acompanhar eu e outro colega que estava trabalhando comigo, que coincidentemente é um grande amigo de infância.
De toda forma eu pensei, já que é pra fazer isso, devo fazer direito e passei a explicar tudo o que estava fazendo, noções básicas do desenvolvimento intraútero, essas coisas. O professor(que já foi meu professor) ouviu, e depois que eu
terminei me elogiou bastante, dizendo que eu levava jeito pra ser
professor, que eu pessoalmente acho o trabalho mais honrado que alguém pode fazer.
Pois então, estava
lá eu fazendo minhas obrigações, então nasceu outro menino, e o professor falou:
-Comentador Fiel, vem cá, explica pra esses aqui que eles não ouviram da outra vez. Enquanto explicava novamente percebi que todos prestava atenção e participavam. Depois de terminar, percebi que eles estavam indo atrás de mim pra perguntar as coisas. E entendi como um professor se sente estimulado quando a turma é boa.
Mas o grande fato do dia, foi em um dos nascimentos em que prestei os primeiros cuidados, uma bebê lindíssima, se bem me lembro chamada Mikaela. Atendi a recém-nascida da maneira que sempre atendo, com cuidado, dedicação e tentando tranquilizar a mãe, afinal o parto é um evento muito traumático para os dois.
Ocorre que a mãe me fez uma pergunta aparentemente inocente, mas que tocou fundo em minha alma: "Você é pai?" Neguei e provavelmente fiz uma "cara de interrogação". Ela percebendo, emendou para tentar explicar: "É que você é muito carinhoso com ela (Mikaela, a recém nascida)".
Meus olhos encheram de lágrimas no mesmo momento. Ainda tinha que explicar pros acadêmicos sobre o restante do procedimento. Nesse momento o professor os chamou para observar outro nascimento. Me senti aliviado, enquanto as lágrimas escorriam discretamente por dentro de minha máscara. Me calei.
Ela provavelmente não entendeu nada. Não achei que seria interessante explicar. Mas eu sonhava com tudo isso até pouco tempo atrás. Um sonho lúcido, daqueles que você tem certeza de que é realidade. Acreditava que estava na eminência de me casar, e que daqui a alguns anos certamente teria filhos, os três filhos mais lindos do mundo, com a mulher que eu amava.
Tinha começado a desenvolver um medo de andar de moto, pensando que não seria justo deixar meus filhos sozinhos antes mesmo de nascerem. Estava de fato, sem ao menos perceber com a clareza que percebo agora, virando um pai, um homem de família.
A questão é que na minha vida as coisas nunca saem bem. E agora estou aqui, com os olhos marejados, pensando que cada momento em que respiro é um desperdício de uma vida que certamente não tem nada a acrescentar para o mundo.
Frase do dia
"O amor é filho da ilusão e pai da desilusão"
Miguel Unamuno
sexta-feira, 23 de novembro de 2012
quinta-feira, 15 de novembro de 2012
Sobre pedidos
Natal, tudo estava correndo de acordo com o plano. Aprendera na noite anterior a embrulhar presentes, e utilizou esse conhecimento recém adquirido logo em seguida. Memória bem uitlizada, pensou. Colocou em um lugar escondido embaixo da ávore de natal que haviam decorado juntos.
Ela ainda não havia acordado, dorminhoca como sempre. Ela adorava o Natal, talvez por isso estava dormindo com um sorriso no rosto, sorriso de um a paz que ele nunca tinha conseguido, não até aquele momento.
Estava nervoso, pensando nos infinitos desdobramentos daquele momento. Pensando se não teria sido uma ideia melhor o filme, a ida a facudade. Mas esses pensamentos rapidamente desapareciam, dando lugar a certeza nebulosa e firme como gelatina: Não exite momento melhor que o Natal.
Não tinha escrito nenhuma carta para o papai noel, apesar de saber bem o que ele desejava ardentemente naquele dia. Talvez tenha sido o primeiro presente com o qual se empolgou desde o seu Nintendo Gamecube que ganhou há uns doze anos atrás.
Ouviu passos, ela havia chegado. Negou a ele o beijo que pediu, afinal, quão a relevância de um beijo apaixonado em um rapaz que estava morrendo de medo e que precisava daquilo comparado a necessidade urgente de escovar os dentes pela manhã?
Viu então a árvore, e curiosa pelo mistério que o rapaz havia feito a cerca de seu presente, rapidamente se pôs a procurar seu embrulho. Achou seu presente, um grande pacote, parecia um vestido. Lembranças lhe vieram a mente.
Abriu o pacote, não era o vestido. Sorriu, seu olhos brilharam devido as lágrimas recém liberadas, ela se virou. Não havia momento melhor que o Natal. Ela abriu a boca e o pai do rapaz invadiu seu quarto, oferecendo-lhe a mesma vitamina de banana de todos os dias.
Confesso que aquela manhã ela estava especialmente enjoativa, a vontade de vomitar foi quase imediata. Nunca contou para ele que odiava vitamina de banana. Olho sua mãe para ter a certeza de que fora só um sonho. Quando foi em direção ao banheiro para lavar o rosto, abriu seu armário e percebeu que o pacote estava lá, intocado, com a melancolia que só o tempo confere aos presentes não dados.
Sentiu sua esperança ir embora naquele momento.
Frase do Dia:
"As vezes quando acordamos, as sobras do sonho parecem mais atraentes que a realidade"
Craig Thompson
Ela ainda não havia acordado, dorminhoca como sempre. Ela adorava o Natal, talvez por isso estava dormindo com um sorriso no rosto, sorriso de um a paz que ele nunca tinha conseguido, não até aquele momento.
Estava nervoso, pensando nos infinitos desdobramentos daquele momento. Pensando se não teria sido uma ideia melhor o filme, a ida a facudade. Mas esses pensamentos rapidamente desapareciam, dando lugar a certeza nebulosa e firme como gelatina: Não exite momento melhor que o Natal.
Não tinha escrito nenhuma carta para o papai noel, apesar de saber bem o que ele desejava ardentemente naquele dia. Talvez tenha sido o primeiro presente com o qual se empolgou desde o seu Nintendo Gamecube que ganhou há uns doze anos atrás.
Ouviu passos, ela havia chegado. Negou a ele o beijo que pediu, afinal, quão a relevância de um beijo apaixonado em um rapaz que estava morrendo de medo e que precisava daquilo comparado a necessidade urgente de escovar os dentes pela manhã?
Viu então a árvore, e curiosa pelo mistério que o rapaz havia feito a cerca de seu presente, rapidamente se pôs a procurar seu embrulho. Achou seu presente, um grande pacote, parecia um vestido. Lembranças lhe vieram a mente.
Abriu o pacote, não era o vestido. Sorriu, seu olhos brilharam devido as lágrimas recém liberadas, ela se virou. Não havia momento melhor que o Natal. Ela abriu a boca e o pai do rapaz invadiu seu quarto, oferecendo-lhe a mesma vitamina de banana de todos os dias.
Confesso que aquela manhã ela estava especialmente enjoativa, a vontade de vomitar foi quase imediata. Nunca contou para ele que odiava vitamina de banana. Olho sua mãe para ter a certeza de que fora só um sonho. Quando foi em direção ao banheiro para lavar o rosto, abriu seu armário e percebeu que o pacote estava lá, intocado, com a melancolia que só o tempo confere aos presentes não dados.
Sentiu sua esperança ir embora naquele momento.
Frase do Dia:
"As vezes quando acordamos, as sobras do sonho parecem mais atraentes que a realidade"
Craig Thompson
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